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quinta-feira, maio 05, 2011

raízes...


Acordou no meio da noite, bexiga cheia, rosto amarrotado e gestos lerdos. Tateou com os pés em busca dos chinelos, encontrou.
A mão fria com esmalte descascado, mas invisível no escuro, uma nesga de luz pálida brotava filtrada pela cortina, mas não clareava nada.
O hálito da madrugada, a porta do quarto e a sonolência. O barulho na janela. Ouviu. Escutou atentamente e achou que ainda era sonho.
Tentou abrir, descobrir, sempre fora corajosa... Encontrou ao toque da mão fria o frescor das raízes que brotavam pelas frestas da persiana e que já invadiam o quarto de dormir e o transformavam em um quarto de perecer.
Tentou gritar, tentou fugir, tentou escapar... Tentou entender.
Mas aquela madeira viva se entrelaçava nas carnes, penetrava orifícios e se enraizava em sua alma. Adormeceu.
Quando, por fim, libertou-se da dormência sentiu que estava repousando em um ventre cheirando a terra. Esperando a hora de brotar.

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