Amargou mais uma semana desgraçada no trabalho, febril foi deitar, demorou a se aquecer e adormecer por causa da tosse.
Sonhos como os do ópio, dores como as do inferno e no outro dia mais uma manhã em branco trabalhando, uma tarde sendo mastigada pelos clientes, pela chefia e uma noite sendo cuspida pela família e noivo.
No domingo não trabalhou, era a folga e satisfeita fez um almoço em família que comeu sozinha, tossiu a tarde toda, adormeçeu no sofá e acordou na madruga, descontrolada e convulsiva a tosse a obrigou a por a mão na boca, imagine só acordar a casa toda. A mão saiu coberta de algo quente, viscoso. Medo de ver sangue, de ser tuberculose.
Correu ao banheiro, mas na claridade da luz acesa viu que era tinta.
No outro dia envenenou os peixes do aquário, transou loucamente com a vizinha e chegou atrasada no trabalho. Espetou uma bic no olho do chefe, chutou uns dois ou três colegas.
O noivo deu entrada no Pronto-Socorro com traumas diversos, não durou dois dias, o atropelador fugiu. O pai, a mãe e o irmão morreram no incêndio e da casa não sobrou nada.
Anabelle pintou o rosto com seu escarro colorido e foi ser palhaço em um circo que passava pela cidade.
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